sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Tony (Tony) 2009



Uma semana na vida de um serial killer solitário, com graves problemas de socialização, e um bigode totalmente fora de moda, "Tony" é uma viagem ao lado mais escuro do mundo dos serial killers. Peter Ferdinando interpreta o homónimo anti-herói, um perdedor nervoso e mal compreendido, desempregado e em estado de dependente do subsidio há 20 anos, mas propenso a actos de extrema violência contra qualquer pessoa que o incomode.
Quando dizemos que um filme vai "dividir" as audiências, normalmente quer dizer que metade vai gostar, e a outra metade não. Isso não acontece com "Tony", que pode ser visto como uma versão de "Henry: Portrait of a Serial Killer" filmada por Mike Leigh. Se um filme tão divisior pode ser visto como fiel à sua própria visão, merecendo elogios por essa mesma divisão, então esse filme tem de ser "Tony".
Com apenas 70 minutos, "Tony" não tem muito para mostrar, para além da vida do protagonista. É um homem estranho, com cabelo em forma de tijela e um olhar à Roddy McDowell. O seu pequeno apartamento é o mais deprimente que se possa imaginar. Duas cadeiras, um sofá, e uma pequena televisão onde ele vê filmes de acção. Tony passa os dias a vaguear pelas ruas com o seu casaco preto, ou a observar holligans no pub. E já lá vão 20 anos a viver à custa do estado. "How'd you like a job scrubbing toilets? Meeting people?", pergunta-lhe o oficial de emprego. É difícil compreender até onde vai o limite de Tony, mas ele ocasionalmente mata as pessoas com um martelo, e desmembra-as na banheira.
Tony vai passando de situação para situação. As suas atitudes violentas não são explicadas, não há passado ou insinuações de uma infância infeliz, ele é simplesmente insano o suficiente para se convencer que é uma pessoa diferente, e tudo funciona perfeitamente. Durante todo o filme uma bela melodia de piano toca durante as cenas de exteriores, com Tony a vaguear pelas ruas a observar a sujidade que o rodeia. Estas sequências parecem-se como um pesadelo adaptado para a tela por Gerard Johnson, assim como as cenas em que Tony meticulosamente separa os membros dos torsos, para envia-los no interior de sacos de plástico azuis, para o rio Tamisa. Mas para uma viagem tão brutal e desagradável ao mundo do "voyeurismo" e da perversidade, "Tony" também tem um sentido de humor e um coração a bater, que o ajudam a levantar-se mais alto do que outros filmes recentes do género.
Por Portugal passou apenas no Motelx de 2010.

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