quinta-feira, 14 de maio de 2015

Play Time - Vida Moderna (Playtime) 1967



Monsieur Hulot tem de se encontrar com um oficial americano em Paris, mas perde-se no labirinto de arquitectura moderna que é preenchida com os mais recentes aparelhos técnicos. Preso entre a invasão de turistas, Hulot deambula por Paris com um grupo de turistas norte-americanos, causando a confusão habitual por onde passa.
Uma década em produção, até à altura o filme francês mais caro de sempre, e, por conseguinte, uma obra-prima cinematográfica, que acabaria por arruinar Tati por ter sido um fracasso nas bilheteiras, tanto em França como no exterior, além de ter desapontado os críticos (da altura). Tati viria a realizar mais dois filmes, Trafic (1971) e Parade (1974), mas nenhum deles chegaria perto das simples mas profundas observações da vida humana do mundo moderno cada vez mais alienado, que está presente em "Playtime".
Claro que é impossível ver-se "Playtime" sem se ter visto os dois filmes anteriores de Tati, "As Férias do Senhor Hulot", que introduzia ao público o quase silencioso palhaço Monsieur Hulot, e "O Meu Tio", que usava Hulot como uma personagem periférica no estudo de dois mundos concorrentes, o velho e o novo. Tati e o seu alter ego cinematográfico foram-se firmemente enraizando no velho mundo, simbolizado pela classe trabalhadora da vizinhança de Hulot.
"Playtime" é um herdeiro directo de "Mon Oncle", com a diferença de que não há mais uma competição directa entre os dois mundos. O velho perdeu, e o espectro da modernização prevaleceu. Os únicos vislumbres do velho mundo que podemos encontrar aqui, são, literalmente, reflexões sombrias em portas de vidro e janelas. O resto da cidade foi englobado pelo progresso, e desenvolveu-se para algo diferente, mas surpreendentemente reconhecível.
Claro que a Paris deste filme nunca existiu realmente. Construída quase inteiramente em cenários de estúdio bastante caros, a Paris que vemos é uma projecção, imaginação de Tati do pior resultado possível da modernização. Para Tati, isto significou a eliminação de tudo o que era maravilhoso sobre a humanidade, e isso estava bem presente no filme, na transposição das pessoas que não fazem nada mais do que ocupar espaço.

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