quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Bruscamente no Verão Passado (Suddenly, Last Summer) 1959

Uma jovem é internada num hospital psiquiátrico, depois de testemunhar a morte do primo. A tia, que a internara, quer uma intervenção cirúrgica para acabar o que parecem ser alucinações, mas o neurocirurgião que a trata percebe que se tratam de alucinações reais. A história gira à volta de uma personagem misteriosa, (Sebastian Venable, o primo), cuja figura só conseguimos ver em breves flashbacks, o que dá maior poder à narrativa, porque tentamos compreender exactamente o que causou a sua morte horrível, e porque a sua mãe está tão determinada a esconder a verdade sobre o seu enigmático filho.
Adaptação de uma peça de Tennessee Williams de 1957, de um único acto,dirigida de uma forma tensa por Joseph L. Mankiewicz (Dragonwyck/Cleopatra). Este chocante melodrama lida com temas bastante pertinentes, como a loucura, prostituição homossexual, incesto e canibalismo. Levamos muito tempo até chegar à revelação final, mas, quando esta chega, é bastante eficaz. Gore Vidal escreve o argumento, e consegue mantê-lo menos contundente do que a peça, cheio de insinuações ocultas, que vamos descobrindo à medida que o tempo vai passando. Com um slogan bastante efectivo: "...suddenly last summer Cathy knew she was being used for something evil!", o filme acabaria por fazer bastante sucesso nas bilheteiras, como já era habitual nas obras adaptadas das peças de Williams. 
Desde os anos 30 que a MPAA, o organismo de auto-censura da indústria cinematográfica, tinha sido criado para impor o seu código de produção, regulando o que podia e não podia ser visto. No final dos anos 50 os padrões tinham ficado mais frágeis, e as fronteiras estavam a ser empurradas, com os filmes a abordarem cada vez mais temas que outrora eram tabu, como o sexo e as drogas. "Suddenly, Last Summer" (1959) foi uma das produções mais ousadas deste periodo, e servia como prenuncio ao que viria na década de sessenta.
Como já era habitual, os filmes de Williams eram excelentes veículos para as suas actrizes. Mais uma vez valeu nomeações ao Óscar, aqui ex-aqueo para as suas duas actrizes principais Katherine Hepburn e Elizabeth Taylor. Taylor ainda não tinha 30 anos e já conseguia a sua terceira nomeação, segunda consecutiva graças a obras de Tennessee Williams. Neste ano a concorrência era muito forte, e a estatueta foi para alemã Simone Signoret.

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