segunda-feira, 6 de março de 2017

Vacas (Vacas) 1992

A acção começa em 1875, nas trincheiras da Biscaia. Manuel (Carmelo Gomez) é um soldado novato, saído de uma quinta basca perto de uma floresta. Quando o seu vizinho, o sargento Carmelo (Karra Elejade) fica a saber que ele entrou no seu batalhão torna-se seu amigo, desesperado por notícias do seu recém-nascido filho. Manuel não foi feito para lutar, e em pouco tempo a sua covardia trás trágicas consequências, que mergulharão a sua família em décadas de disputas. Passam-se trinta anos, e os filhos destes homens continuarão a disputa iniciada antes.
Na sua longa-metragem de estreia, Julio Medem cria uma pesquisa interessante sobre o tema do amor, e uma visão inteligentemente elaborada e visualmente estimulante sobre o tema do dever, e do nacionalismo. O título do filme refere-se à omnipresença passiva das vacas, e serve também como uma alusão contrastada à tradição nacional das touradas. Usando a repetida perspectiva de um espectador, filmado através da simulação de uma dioptria circular, Medem dá-nos uma crónica objectiva que capta a coexistência da paz e da violência, amizade e traição, tranquilidade e caos. Confrontando a rivalidade das familias Mendiluze e Iriguibel no contexto da história espanhola, Medem ilustra ainda a natureza cíclica da luta não resolvida, e da aliança vacilante usando o mesmo actor para retratar várias gerações de personagens. Nota-se a transformação do actor Carmelo Gómez no covarde Manuel Iriguibel nas guerras carlistas, no filho de Manuel, Ignacio, em 1905, e eventualmente no fotógrafo maduro Peru Mendiluze, que regressa à região basca no inicio da Guerra Civil Espanhola, em 1936. Enquanto o filme segue a estranha união dos soldados bascos com os monarquistas e a igreja católica durante as guerras carlistas, à aliança invulgar com os socialistas e comunistas para a preservação da república contra as forças fascistas lideradas pelo general Franco durante a Guerra Civil Espanhola, Medem apresenta um relato imparcial, mas profundamente pessoal e provocador, da continua devastação, nacionalismo e aliança inconstante do povo basco, enquanto lutam pelas causas aparentemente indescritíveis da autonomia, autodeterminação e identidade cultural. 

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